28.5.06

sobre dialogar e conversar

Hoje em dia as pessoas afirmam que se conversa mais do que antigamente e, de certa forma, é verdade. Para citar nosso já-não-tão-amado presidente, "nunca nesse país" se conversou tanto e menos ainda entre gerações diferentes. Se você for a um bar qualquer, vai encontrar pelo menos uma mesa com pessoas de idades diferentes (entre 20 e 50, geralmente) conversando. É bem verdade que muitas vezes a coisa fica com aquele ar de democracia forçada, com os mais velhos querendo se mostrar jovens e os mais novos querendo agir como se tivessem uns 10 anos a mais.

Ao mesmo tempo, hoje é uma época de grandes diferenças culturais, de nano-tribos radicalmente diferentes, cujas diferenças muitas vezes não são perceptíveis nem para aqueles que fazem parte delas.

O curioso é que as tribos raramente se falam e nunca trocam opiniões numa boa. E aqui entra a diferença fundamental: hoje em dia se conversa mais, mas não se dialoga mais do que antigamente. E qual a diferença, você poderia perguntar? A diferença é que conversar implica conversão, ou seja, converter alguém a sua opinião. Implica em Fulano (que defende ponto de vista A) e Beltrano (que defende ponto de vista B) tentando converter um ao outro ao seu respectivo ponto de vista.

Dialogar, por outro lado, implica em nossos amigos Fulano e Beltrano trocando idéias e até mesmo apontando o que vêem de errado no ponto de vista um do outro.

A tênue diferença reside no propósito: conversando, um tenta fazer com que o outro concorde consigo; dialogando, não faz diferença se vai haver mudança de postura ou não, o que interessa é a troca de experiências e pontos de vista.

Pessoalmente, já não tenho saco para conversas. Não estou aqui para convencer os outros de nada. Só exijo aquilo que ofereço: respeito.