19.8.06

flesh as a design fault?

A carne marca.
Fácil.

Toda experência fica ali:
comida,
bebida,

sexo,
contato,
convívio,

isolamento.

A carne é

espelho
espelho
teu

A carne é fraca.

1.8.06

memória (full circle)

perder. O problema é lembrar...Sabe?
– Como assim, o problema é lembrar? Isso é justamente o que garante o valor, o que dá o devido peso à coisa toda!
– Sim, sim...o que quero dizer é que dói lembrar! Saber que tudo aquilo aconteceu de fato, apesar mesmo das consequências...por que a lemrança de tudo aquilo coloca o que aconteceu depois em outra perspectiva!
– Mas é justamente isso que torna as relações humanas tão extraordináriamente complexas e interessantes! Ora, se pegarmos qualquer momento isolado, ele tem um conjunto relativamente pequeno de reverberações. Mas se os colocarmos alinhados, antecedente-consequente, tudo adquire nova cor!
– De fato, mas jamais como antecedente-consequente! Isso dá a entender que determinada coisa só poderia ter aquela determinada consequência, coisa totalmente errônea. Por exemplo, o que me aconteceu...havia uma série de caminhos que cada um de nós poderia ter tomado...no entanto, cada fez uma escolha específica dentro de toda essa gama de possibilidades.
– Sim, mas isso não é um sinal de que, tanto para um como para outro, tavez só houvesse uma determinada escolha a fazer?
– Não acredito nisso. Eu mesmo, pensando sobre tudo o que havia acontecido, puxando pela memória todos os detalhes que consegui, cheguei a pelo menos três caminhos a seguir.
– Sei...
– De qualquer forma, nos desviamos do assunto. O fato é que aquele dia ficou na minha memória... e me dói ver no que algo tão bonito se transformou! Eu revejo os pequenos detalhes, mesmo à meia-luz daquela sala... Ah, não sei... quando me revejo de joelhos com aquele sapato vermelho na mão... (suspiro)... O fato é que tudo o que ocorreu – tudo o que aconteceu lá – deixou em mim uma marca indelével, a luz do que tudo o que veio depois não faz sentido...
– Ou talvez você não queira ver o sentido...
– Como assim?
– Ora, talvez você não queira aceitar que o outro tenha o direito mesmo de escolher algo que não esteja nos seus planos, algo que, para você, não faça sentido porque não é o que você escolheria. Que tais memórias não tenham o mesmo peso que têm para você...Encarar isso talvez seja demais para você, pois seria de certa forma algo...não sei, auto-destrutivo, talvez? Porque, ao fazer isso, você estaria renegando quem você é, renegando sua memória?
– Por que aquilo que foi dito não pode nunca ser desfeito! Por que um gesto, depois de tudo o que foi dito, é como uma pedra na água: ela cria reverberações!
– No entanto, é possível que para outros isso não seja assim, não?
– Bem... sim...
– Então, não sofra de antemão! Lembre-se, quem morre de véspera é peru. Afinal, não é como se você não tivesse nada a