27.7.08

culpabilidade

(Para LS)

“Ser atéia me permite o nada, e nada é como os prédios da avenida Paulista.”
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“Os prédios apodrecem e caem; essa é uma qualidade que Deus nunca terá(…)”

Sei não…tantas vezes vemos (ou melhor, ouvimos falar) de divindades antigas, que deixaram de existir. Neil Gaiman fala muito bem sobre isso. Todos falam sobre isso, aliás, mas poucos falam bem. Afinal, nosso mundo não quer assumir que quer um/uns deus/deuses – mas também não pode viver sem ele(s).

Eu sempre achei que os deuses são como nós (e, por consequência, como os prédios): eles não existiam até que, um dia, lá estão. E um dia, deixarão de estar. Eles (prédios e deuses) existem enquanto nós precisamos deles. Depois que perdem sua utilidade, são demolidos/implodidos/erodidos. Eles (pessoas e deuses) existem enquanto precisamos deles. Depois que perdem sua utilidade, dizemos que foram uma fantasia da nossa cabeça. Eles (pessoas e prédios) existem enquanto precisamos deles. Depois que perdem sua utilidade, nos esquecemos deles.

Deus (singular/masculino por conveniência) nos criou?

Ou nós o criamos?

Se somos assim tão imperfeitos, como criamos um deus tão perfeito?

Transferência de culpa?